Qual o nível de independência de um jornalista? Aprendi na teoria da Faculdade e na prática com meus mestres que deve ser total. Deve haver isenção plena na hora de apurar e noticiar um fato.
Afinal, como você vai se posicionar, denunciar, criticar alguém que faça parte do seu círculo social. Você acabaria com uma amizade por ter de exercer corretamente o jornalismo? É o certo a fazer, mas é possível não ter de chegar a esse ponto. A profissão exige esse cuidado.
Do mesmo modo temos que saber como trabalhar com o chamado ‘patrocínio’. Uma empresa que anuncia no seu local de trabalho comete um crime. Tem que ser denunciada e punida, mas é fiel a tantos anos, patrocina eventos, distribui brindes generosos aos funcionários e contribui de maneira significativa para a saúde financeira do negócio. O que fazer? Obviamente que agir honestamente é a resposta, mas e o futuro da empresa sem o fluxo de dinheiro do principal patrocinador?
Percebem como é difícil exercer o jornalismo isento? Tudo o que um jornalista fala ou escreve gera reação. Jornalista incomoda, fuça, faz perguntas desagradáveis, gera raiva e desconforto. É a nossa obrigação.
Por isso se guiar por mídias sociais é perigoso. Você precisa perceber se a notícia é verdadeira ou falsa, se é tendenciosa para A ou B, se foi devidamente apurada. Acusar nas mídias sociais é fácil, difícil é reparar o dano causado.
Antes de escrever ou falar, pense no que você vai fazer. Você tem conhecimento de causa, embasamento do assunto que vai tratar?
Você está com raiva? Nunca se manifeste com raiva.
O seu alvo tem pai, mãe, filhos, amigos…uma vida formada que pode desabar como um castelo de cartas quando for acusado. Por isso tenha certeza de que você está fazendo o certo. Se tiver alguma dúvida não faça, apure, vá atrás.
Uma notícia mal apurada pode ser desastrosa para o alvo e para você, que vive do jornalismo e depende da sua credibilidade.
Jornalismo é profissão, não diversão. Mas é uma profissão deliciosa de exercer.