Há 106 anos o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia e iniciou a Primeira Guerra Mundial. Nenhum outro conflito mudou tanto o mapa da Europa. Quatro impérios desapareceram: o Alemão dos Hohenzollern, o Austro-Húngaro dos Habsburgos, o Otomano dos Otomanos e o Russo dos Romanov.
A Europa saiu destruída econômica e socialmente do conflito. Países como França, Bélgica e Sérvia tiveram que ser reconstruídos. Entre mortos, feridos e incapacitados mais de 35 milhões de pessoas sucumbiram. Foram tantos homens mortos que o continente nunca mais se recuperou. A supremacia militar da Europa e a crença de que era a bússola da orientação mundial foram colocadas em xeque.
A primeira guerra marcou o surgimento dos Estados Unidos como potência militar hegemônica, mas mesmo com tantos mortos sendo contados, não acabou com a arrogância dos europeus. Os arranjos para a paz foram tão mal feitos que deram início ao totalitarismo que iria dominar o velho continente a partir dos anos 1920 e o levaria à Segunda Guerra.
A Alemanha, principal interessada na primeira guerra e considerada a grande culpada, teve de pagar um preço impagável. Além de não ter dinheiro, foi humilhada como nação. Após tantas mortes e mudanças brutais, era de se esperar um pouco de sensibilidade para com os derrotados. Todos sabiam que o período de reconstrução seria difícil, mas os vencedores acharam que os alemães conseguiriam arcar com tudo.
Germinaram e cultivaram a semente da revolta e da indignação em um país orgulhoso de seu vitorioso passado militar. A Primeira Guerra foi tão cruel que é até hoje chamada de ‘A GRANDE GUERRA’ pelos europeus. Gerou tanto desgaste e medo, que quando Hitler ascendeu ao poder e começou a rearmar a Alemanha visando reconquistar o espaço que julgava perdido, ninguém contestou. Hitler poderia ter sido detido e as potências europeias tiveram inúmeras oportunidades de fazê-lo antes que a Segunda Guerra virasse uma realidade, mas as lembranças tristes e sangrentas da Primeira guerra imobilizaram-nas.
O preço pago por vencedores e vencidos pelo desejo de guerrear em 1914 foi alto. A Europa nunca mais foi o ‘Centro do Mundo’ e acabou engolida por um período negro de morte e dor que só acabou em 1945. E tudo isso começou com o assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro por um militante sérvio em 28 de junho de 1914.
A vontade de guerrear era tanta que houve um mês para que tudo fosse resolvido, mas ninguém, absolutamente ninguém quis dar o passo inicial para que se resolvesse. A crença de ambos os lados, Aliados e Impérios Centrais, era de que tudo se resolveria em meses. Lutaram 4 anos e meio.
Como centenários do início e do fim da Primeira Guerra, em 2014 e 2018, inúmeras publicações foram lançadas ou relançadas no mercado editorial. Muitas delas recentes, que nos trazem uma visão moderna do conflito. Em 2014 chegou a o Brasil ‘A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, HISTÓRIA COMPLETA’. A obra do historiador Lawrence Sondhaus é importante porque contextualiza o leitor de maneira didática. Foi pensado e escrito não só para historiadores, mas para estudantes e qualquer um que queira conhecer as origens, os fatos e as consequências do primeiro embate global da humanidade. A Primeira Guerra Mundial mudou o mundo para sempre e deve ser estudada.